Lilian Laraia: Quantas mulheres cientistas inovadoras você consegue citar de cabeça?

Está difícil né?

Em geral, grandes nomes da ciência costumam ser do sexo masculino, o que não faz justiça a diversas pioneiras que merecem ser lembradas, celebradas e estudadas.

Você reconhece essa mulher?

Ela é Marie Curie! Uma das mulheres que mudaram a história e os rumos do estudo da radioatividade, bem como mostrou ao mundo o valor intelectual e a riquíssima contribuição que as mulheres podem fornecer ao mundo científico, o qual era, outrora, de caráter predominantemente masculino.

Marie Curie foi a primeira pessoa a receber o prêmio Nobel duas vezes, um em Física, ao demonstrar a existência da radioatividade natural em 1903, e o outro em Química, pela descoberta de dois novos elementos químicos em 1910.

Desde a infância, Marie Curie aprendeu a enfrentar e vencer desafios impostos pela sociedade e pelas condições de vida, sendo um grande exemplo como cientista. Em uma época em que as mulheres mal tinham acesso à alfabetização, Marie mostrou que elas são capazes de promover descobertas tão ou mais importantes que as dos homens – ou melhor, que a inteligência, a persistência científica e a genialidade não tem sexo.

Filha de um professor de Matemática e Física (que mais tarde se tornou diretor de uma escola) e de uma professora, Marie tinha a ciência no seu DNA! Foi aluna na clandestina Universidade Volante de Varsóvia, onde iniciou seu treinamento científico prático, e em 1891, aos 24 anos, seguiu para Paris, onde obteve seus diplomas superiores e realizou diversos trabalhos científicos.  Durante sua busca por um tema e por um orientador para seu doutorado, Marie conheceu o professor de Física Pierre Curie, com quem acabou se casando em 1895. Os dois tiveram duas filhas, Éve e Irène. A pesquisadora foi a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Paris.

Ela morreu em 1934, vítima de uma leucemia, em decorrência de toda a exposição à radiação a que foi submetida durante sua carreira científica e acadêmica. Em 1995, Marie se tornou a primeira mulher a ser sepultada por seus próprios méritos no Panteão de Paris.

Durante sua carreira ela foi alvo de criticas descabidas, preterida por outros homens quanto aos investimentos para as suas pesquisas, sofreu preconceitos por ser mulher e por atuar no cenário acadêmico (até hoje passamos por isso em alguns momentos, não é mesmo?) mas em nenhum momento deixou de acreditar no potencial das mulheres na ciência...

Destaco uma de suas frases: “As coisas que nos enfraquecem são as coisas que nos fortalecem”...Esta também foi a minha bandeira, pois durante a  minha trajetória como pesquisadora na área de desenvolvimento da química para materiais, eu fui a primeira e única mulher engenheira que atuava na fábrica em que eu trabalhava. Nos primeiros anos da minha carreira fui ameaçada muitas vezes, tive meus experimentos sabotados para desqualificar meu trabalho (isso mesmo!). Mal sabiam os sabotadores que eu sempre fazia a contraprova como parâmetro de controle e os pegava no “contrapé”.

Apesar de avanços significativos das mulheres cientistas, como a nossa querida Marie Curie, a Dorothy Crowfoot Hodgkin – Química (Reino Unido/1964) por suas determinações por técnicas de raio-X das estruturas de importantes substâncias bioquímicas e a Jennifer Doudna – Química (USA/2020), por suas descobertas à respeito do Genoma, ainda é necessário reforçar a conscientização sobre o papel da mulher em diversos cenários sociais, entre eles, na ciência — ainda há um longo caminho pela frente para vivermos numa sociedade que seja, de verdade igualitária, tanto para mulheres, como também para todas as pessoas que recebem algum tipo de descrédito apenas por serem quem são.

“A vida não é fácil para ninguém. Mas… O que importa? É necessário preservar e, acima de tudo, confiar em nós próprios. Temos de sentir que somos dotados para realizar uma determinada coisa e que temos de a alcançá-la, custe o que custar!” Marie Curie

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